As Esculturas Sem Cabeça (Edição Oficial Pipoca & Nanquim)

 


Sinopse: No antigo prédio vazio da escola, há apenas um estúdio de arte cheio de esculturas aterrorizantes. Você se atreveria a entrar e descobrir qual é a intenção do artista?

As Esculturas sem Cabeça é a mais nova compilação das principais publicações do início da carreira do mestre dos mangás de horror Junji Ito, com doze tenebrosos e inesquecíveis contos. Lançados originalmente entre 1990 e 1992 na clássica revista Halloween, da editora japonesa Asahi Sonorama (atual Asahi Shimbun), eles agora integram a coleção de obras-primas do mangaká!





Na história que dá título à antologia, Shimada e Rumi participam do clube de arte de sua escola, e seu professor, o senhor Okabe, é um escultor em meio a preparativos para a exposição de suas peças — uma coleção de esculturas sem cabeça. Os dois alunos concordam em ficar até mais tarde para ajudá-lo,sem desconfiarem que essa seria a pior decisão de suas vidas. As esculturas sem cabeça não são meros objetos... São algo mais!

Entre os demais contos, temos uma vila que sofre com o retorno dos mortos após seus rituais fúnebres; um circo comandado pelo próprio diabo; uma cidade onde é impossível andar sem acabar completamente perdido; garotas que ganham beleza em troca de tempo de vida; uma rixa entre amigas que ultrapassa a barreira da morte... Histórias focadas em acontecimentos de ordem sobrenatural incompreensível, um dos temas favoritos de Junji Ito!




Como Esculturas sem Cabeça é uma coletânea de 12 contos com temáticas diversas, a maioria deles são muito caros ao autor, como  o  conto “Vida Curta”, uma história muito interessante sobre beleza e morte.   

Em “Vida Curta” vemos novamente Junji Ito lidando com sua obsessão pela beleza, como nos contos “O Monstro Cor de Carne” (de The Groaning Plumbing) e “Memórias” (de Alley). Nesta história, as meninas da escola de repente ficam mais bonitas do que nunca e ficam incrivelmente lindas. As outras meninas perceberam que poderia ser algum tipo de infecção e começaram a se aproximar dessas meninas (que antes desprezavam) na esperança de torná-las bonitas também. Mas acontece que logo após sua beleza repentina, eles também morrem repentinamente  (daí o título da história), causando grande desespero. Essa história é, na verdade, mais uma obra  que o autor utiliza para identificar os perigos do culto à beleza, uma obsessão que leva a fazer qualquer coisa sem nem saber que mal isso causará. “Short Life” vai além disso, mas também segue o caminho da maldade humana, com as meninas tentando se matar só por causa de boatos.  





A obsessão pela beleza não é a única coisa que Junji Ito repete em sua obra. O autor usa a obsessão pura e simples (para várias coisas), e nesse sentido podemos falar de “Old Disco”. Nessa história, um álbum com  música melódica acaba criando uma certa atração nas pessoas e elas se esforçam ao máximo para comprar o álbum e ouvi-lo mais. Assim como “Vida Keerta”, “Disco Velho” é uma ótima história sobre os perigos da obsessão. A diferença é que “Disco Velho” coloca um pé “fora” da questão, como se a obsessão viesse  por causa de  algo escondido.


“O Circo Chegou” e “Colmeia” também fazem parte da lista de contos sobre a obsessão pelo “lá”. “O Circo Chegou” segue um circo onde todos os artistas morrem literalmente na frente da multidão durante sua apresentação. Aqui, a obsessão  é novamente a beleza, mas é a beleza da jovem que faz com que todos os homens fujam com o circo para algum lugar e acabem morrendo. No geral, é uma história muito idiota, sem muito para assistir, curtir ou analisar. Você pode armazená-lo separadamente. “The Hive” é uma história mais detalhada, mas, novamente, não  muito boa. Aqui  temos um menino obcecado por insetos como abelhas e favos de mel, o que acaba levando a certos problemas, inclusive o crime. O sobrenatural existe aqui, mas não está “lá fora”, está na natureza. Na verdade, se há algo que podemos tirar desta história, é uma crítica à desflorestação desenfreada que está a fazer com que  os animais percam os seus habitats naturais.


Já que estamos falando de histórias ruins, talvez seja uma boa ideia falar sobre a primeira história, O Fio Vermelho do Destino. Ele usou lendas japonesas para criar histórias de terror com um tom sobrenatural e explorou questões de superstição, mas também as abordou imediatamente. A história toda gira em torno de um garoto que termina com a namorada e vê seu corpo gradualmente ficar coberto de linhas vermelhas. Direi que na primeira leitura essa história é bastante interessante e algumas coisas te surpreendem, mas depois que você termina de ler você sente que perdeu tempo.  

O mesmo vale para o conto “The Giver”. Nesta história, um homem é contratado para hipnotizar pessoas más para que façam boas ações. Anos depois, o homem voltou ao local e descobriu que sua hipnose ainda estava ativa, mas com alguns problemas. Agora o bad boy passa os dias dando presentes às pessoas. Nesse caso, é uma boneca com a foto do  pai. É uma história bastante estúpida no geral, mas você eventualmente fica interessado ao lê-la, mas com os 'outros' problemas sendo notados e  nada  mais, o final da história parece frio e como uma história que não poderia fazer isso. Deve ser deixado de lado.






O conto que dá título ao mangá “As Esculturas sem Cabeça” é sem pé nem cabeça (com o perdão do jogo de palavras). Ele é outro conto meio vazio e que faz com que a gente sinta um enorme enfado na leitura. Na história, um professor vive a fazer esculturas sem cabeça e um dia ele é assassinado. Já dá para imaginar o que aconteceu só com isso, mas Junji Ito tenta criar um suspense, querendo despistar, para então fechar o mangá com o que já imaginávamos. O autor costuma fazer isso em várias obras e é algo bem legal, na verdade, mas nessa história não funcionou…   


Saindo (mais ou menos) dessa lista de contos ruins, podemos falar de “Calafrios”. Essa é uma história intensa sobre uma suposta doença que faz furos nas pessoas, causando calafrios e fazendo as pessoas irem a óbito algum tempo depois. Num todo, ele é um conto ótimo, mas ele não é bonito visualmente, sendo difícil olhar para as páginas, com os personagens cheio de buraquinhos. Então o mais ou menos falado no início do parágrafo é porque esse conto é bem bom mesmo, mas eu não recomendo ler.     Falta falar de 4 contos e deixamos para o final quatro que consideramos muito bons, quase todos envolvendo o “além” de uma maneira ou de outra.   





“Ponte”, por exemplo, é uma história de horror sobrenatural com tema de fantasmas. No conto, uma neta está indo visitar a avó e no local está cheio de espíritos que não puderam fazer a passagem. Todos eles estão esperando que a avó se junte a eles. É um ótimo conto, cheio de reviravoltas e mesmo quando parece que o autor vai por um lugar ruim, ele trai a nossa expectativa a faz a narrativa ficar perfeita. Assim como alguns dos contos ruins falados mais acima, “Ponte” não tem uma mensagem propriamente dita, mas não chega a precisar, pois o roteiro é muito bem feito e muito bem executado.  


 Agora uma história com uma boa mensagem e com um bom roteiro é “Cidade dos Mapas”. Neste conto, uma dupla de recém casados está viajando de férias e para em uma cidade repleta de mapas. Nesse local, os moradores só conseguem andar se seguir eles, senão se perdem. É uma história que fala um pouco sobre crendices e coisas sobrenaturais, mas o ponto mágico aqui é, como em outros contos do Junji Ito, a maldade do ser humano, no caso a ganância. A história tinha tudo para ser leve e boazinha, mas a ganância humana acaba sendo feroz e causa tumultos desnecessários, sendo o grande mote da história. Outro ponto interessante, porém, é que, tal qual “Colmeia”, esse conto também faz uma crítica à atividade humana em invadir locais de florestas. A diferença é que em “Colmeia” a destruição ocasiona problemas para humanos e animais e aqui para humanos e seres míticos.  



   


“Bilhete Suicida” é um história de horror genial. Ele fala sobre uma garota que se suicida deixando um bilhete e falando que voltará para levar alguém junto. A família acha que é uma maldição a ela e, em pouco tempo, o fantasma aparece. A história não tem uma mensagem, mas o roteiro é sem igual, com uma reviravolta que eu gostei bastante. Concluindo, deixo a história do ‘Espantalho’ para o final. Em vez de ser uma história de terror, é uma história densa sobre a dor da perda e  a maldade humana. No trabalho, as pessoas começaram a perceber que se colocassem um espantalho onde seu ente querido estava enterrado, o espantalho começaria a assumir a forma do falecido. É uma história  triste e chocante que mostra o que pode ser evitado, como as pessoas podem ser más e como podemos ficar presos em algo e não conseguir seguir em frente. Não posso dizer que é a melhor história de Junji Ito que já li, mas definitivamente me fez pensar.





• Nome: As Esculturas Sem Cabeça

• Nomes alternativos: 首のない彫刻

• Tipo: Mangá 

• Autor(a): Junji Ito

• Volumes: 1

• Status: Completo

• Demográfico: Shoujo

•Gêneros: Horror,Junji Ito,Mistério,Demônios

• Editora: Pipoca & Nanquim

• Publicado em: 2023






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